Ouviste opiniões contraditórias, referentes às invocações na Doutrina Espírita.
Adversários gratuitos pretenderam insinuar que nos reuníamos, imitando magos e sibilas da
antiguidade, a explorar sortilégios e filtros supostamente milagrosos.
Outros, sem analisar-nos os princípios, entenderam acreditar que tomamos os recursos
psíquicos para exibições de hipnotismo vulgar, como se categorizássemos os medianeiros da
Nova Revelação por jograis e fantoches.
É imperioso anotar, contudo, que toda a formação espírita guarda raízes nas fontes do
Cristianismo simples e claro, com finalidades morais distintas, no aperfeiçoamento da alma,
expressando aquele Consolador que Jesus prometeu aos tempos novos.
***
Não admitas, portanto, pudéssemos converter as lições do Mestre em práticas e fórmulas
cabalísticas. Todos os ensinamentos do Cristo vibram puros, em nossos postulados, com os
amplos desenvolvimentos que a Codificação Kardequiana lhes imprimiu.
Em nossas assembléias, hipotecamos o apreço devido a todas as crenças e confissões.
Respeitamos os irmãos da Cristandade, que, em postura determinada, invocam a Presença
Divina e a proteção dos Espíritos santificados, em preces de confiança e cânticos de louvor.
Respeitamos os irmãos do Islamismo que, diversas vezes por dia, invocam a bênção de Alá.
Respeitamos os irmãos do Budismo que, através da liturgia que lhes é própria, invocam a paz de
Çakyamuni, o Bem-Aventurado.
Respeitamos os irmãos do Moisaísmo que, por vários preceitos, invocam o amparo do Senhor
Todo-Poderoso.
Também nós, em nos associando, invocamos a inspiração do Divino Mestre e o concurso dos
instrutores domiciliados na Vida Maior, a fim de que possamos orar e estudar a verdade,
aprendendo por que oramos e cremos, de vez que, na doutrina Espírita, sem pompas de culto
externo e sem rituais de qualquer procedência, somos chamados à fé, capaz de encarar a razão
face a face.
Quanto à atitude religiosa que abraçamos, de permeio com as indagações científicas e com as
exposições filosóficas da nossa Doutrina Libertadora, ninguém pode olvidar que Allan Kardec,
evidenciando a necessidade de aliança o raciocínio e do sentimento, nas jornadas do Espírito,
iniciou a obra monolítica da Codificação, perguntando pela essência de Deus.