
Se alguém te fala em descanso inútil depois da morte, pensa nos que sofrem por amor, na
experiência terrestre.
Indaga das mães devotadas se teriam coragem de relegar os filhos delinqüentes à solidão da
masmorra...
Preferem chorar na pocilga, trabalhando por eles, a morarem no paraíso com o peito rebentando de
lágrimas.
Pergunta aos pais afetuosos se pediriam a força para os rebentos do próprio sangue, comprometidos
em débitos insolúveis...
Escolhem a condição dos grilhetas, de modo a vê-los recuperados, renunciando aos prêmios que a
sociedade lhes destine à honradez.
Inquire da esposa abnegada se deixaria o companheiro enredado à loucura, pra brilhar num desfile
de santidade...
Disputará as vigílias no manicômio para servi-lo, fugindo aos louros da praça pública.
Interroga do amigo verdadeiro se deixará o amigo confiante em dificuldade...
Aceitará partilhar-lhe as provações, recusando os privilégios com que o mundo lhe acene.
***
Isso acontece na Terra, onde o amor ainda se mistura ao egoísmo, qual o outro perdido na ganga do
solo.
Para além das cinzas do túmulo, há paz de consciência e alegria profunda no dever nobremente
cumprido, mas, se te afeiçoas à bondade e à renúncia, poderás quanto quiseres continuar auxiliando
os entes amados, que aprendeste a venerar e querer, ou prosseguir exaltando os ideais e as tarefas
edificantes que abraças.
À medida que penetramos os segredos do amor puro, vamos reconhecendo que ninguém pode ser
realmente feliz sem fazer a felicidade alheia no caminho em que avança.
O próprio Criador determinou que a noite se cobrisse de estrelas e que o espinheiral se levantasse
recamado de rosas.
Trabalharemos e sofreremos, assim, por amor, pelos séculos adiante, ajudando-nos uns aos outros a
erguer a felicidade de nosso nível, até que possamos entrar, todos juntos, na suprema felicidade que
consiste em nossa união com Deus para sempre.
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