
Essas doces crianças que observas, com sublime enternecimento, são teus filhos, perolas de
luz, cujo escrínio gerou no coração, muitas vezes coagulando as próprias lagrimas.
Tomaste algo de teu sangue e amassaste-o com o hálito de teu hálito, adicionaste os
melhores sonhos e os mais límpidos ideais e formaste semelhantes maravilhas que te
nasceram por esperanças em flor.
Sentindo-as por aves frágeis, busca de asilo em teu peito, sabes acolher-lhes as necessidades
no carinho incessante.
Dias de laborioso cuidado, preservando-lhes a existência.
Noites de dolorosa vigília, quando a enfermidade aparece.
Alimento, agasalho, escola, responsabilidades e inquietações...
Entretanto, mais tarde, nunca te lembraras de cobrar-lhes impostos de reconhecimento ou
exigir se convertam em fantoches de teus caprichos.
Ver-lhes a honradez e o trabalho, o passo reto e a independência construtiva representa, em
verdade, todo o triunfo que ambicionas.
E, um dia, dobado longo tempo sobre a tua renuncia, se essas crianças, transfiguradas em
pessoas adultas, caem sob terríveis enganos, na conquista da experiência, sabes esquecer
as rugas de dor e refazer os ossos desconjuntados... Sabes começar a luta de novo para
ajudar os rebentos da pr6pria vida a se transferirem das dividas de af1içao para os júbilos do
resgate... E a todos os que te reprovam o devotamento e a fadiga, censurando-te a
persistência no sacrifício, sabes responder, na mesma reserva de confiança e ternura, com
alegria misturada de pranto: “são meus filhos”.
***
Isso acontece no lar terreno, onde as criaturas humanas, embora imperfeitas, não se
resignam a ferretear os próprios filhos com o estigma de escravos...
Imagina, pois, a longanimidade do amor que vibra e reina, infinito, no Lar Divino da
Criação!...
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